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Explicando melhor
A Marri fez um comentário sobre uma certa desilusão minha com as mulheres e eu acho que preciso explicar isso melhor, e vir finalmente a público sobre esta história toda. Tirar o bode da sala de uma vez por todas. Se você não sabe do que se trata, não precisa saber.
Marri, acho que você não entendeu. não há desilusão nenhuma. Eu vou usar a minha metáfora do pólo aquático para explicar. Eu jogo pólo aquático desde os 16 anos. Hoje em dia continuo jogando, uma vez por semana, contra um time de pivetes de 19 anos de idade, a metade da minha idade. Eles são mais rápidos que eu, mas eu os outros caras que jogam no meu time somos mais fortes e mais experientes e o jogo fica equilibrado. O pólo aquático pode ser um jogo sujo. Não tem que ser sujo, mas pode ser. Debaixo d’água, onde o juiz não vê, vale tudo: socos, chutes, beliscões, agarradas na zona do agrião e por aí vai. Uma vez inclusive rasgaram a minha sunga e eu fiquei pelado na piscina e o juiz não deu falta porque ele não viu. Ou seja, se você quiser jogar sujo, fique à vontade..
E aí surge o dilema, que não é só do pólo aquático, mas da vida. Sabendo que tem gente que vai jogar sujo com você, o que você faz? Retribui na mesma moeda? Ou fica esperto, aprende a antecipar as puxadas de tapete e mantém a capacidade de confiar nas pessoas até prova em contrário, mas ao mesmo tempo aprende a se defender?
Eu fiz a escolha pela segunda opção, não porque acho que seja inerentemente melhor que a alternativa. Não acredito em Karma, recompensas para quem for bom nessa vida ou punições para quem não o for. Para mim, morreu, acabou, ou seja, não há nenhum incentivo para ser honesto ou moral. Como dizia o Raulzito, citando Aleister Crowley, faça o que quiser que é tudo da lei.
Mas a segunda opção se encaixa mais na minha personalidade. Eu acho a desonestidade acima de tudo uma coisa extremamente cafona. Então eu prefiro continuar aberto e transparente, mesmo me expondo a riscos desta maneira. É o meu jeito. Eu me defendo, e quando eu vejo um pivete chegando para cima de mim debaixo d’água cheio de más intenções, eu sei me desemabaraçar dele sem usar jogo sujo, porque eu tenho a experiência que ele não tem.
Este ano eu levei a maior puxada de tapete da minha vida, da última pessoa no universo de quem eu esperava algo assim. Foi o equivalente existencial a levar um carrinho do Serginho Chulapa, daqueles de quebrar a canela. Esse carrinho teve e tem consequências pessoais, financeiras, profissionais e sobre a possibilidade de eu poder continuar morando nos Estados Unidos. Não é pouca coisa. Mas cá estou, de pé e feliz, até. Sim, feliz e livre para seguir a minha vida do meu jeito. Estou consertando essa bagunça toda aos poucos, com paciência, fazendo o que posso e não me preocupando com as coisas sobre as quais eu não tenho controle. Portas se fecharam e outras se abriram e por uma dessas portas que se abriram entrou a Jenn e isso tem sido muito bom. A Jenn está recuperando aos poucos a minha confiança, especialmente nas mulheres.
Então, não há desilusão nehuma. O que há é a constatação de que eu posso continuar jogando com a defesa aberta e confiando nas pessoas; mesmo que às vezes eu me engane, eu sou perfeitamente capaz de segurar o tranco. Segurei a onda desse ano de 2007 e vou segurar de novo quando (sim, quando) as próximas decepções acontecerem. A vida é boa e muito curta para guardar rancores. Sei o que foi feito e já perdoei tudo. Mas não esqueci. Isso, nunca. Porque esquecer significa abrir mão das lições dessa experiência. E há muitas lições para serem aprendidas dessa história.
Mas desilusão, nenhuma. Já estou pensando na próxima aventura.
Deu para entender agora?
Porque você nunca vê um cego numa praia de nudismo?
Este e outros insights neste sensacional vídeo contra a pornografia. Impressionante, para quem é do contra, os caras fizeram uma senhora pesquisa, só pegaram o crème de la crème das revistinhas de sacanagem dos anos 60. Só coisa fina, nada de encheção de linguiça. Exceto a parte gay, da qual não entendo nada, mas para os entendidos (epa!) imagino que deve ser pelo menos razoável.
Eu e as mulheres- Parte II
Eu tenho levado muitas fêmeas para a cama ultimamente. Esta é a vítima mais recente do meu jogo de sedução.
Dammit Dog, 17 aninhos muito bem vividos, mas com um corpinho de 16. Apesar de ser a maior cachorra, ela é uma gatinha. Até recentemente ela não subia até o segundo andar do galpão de jeito nenhum, devido ao derrame que ela teve ano passado. Mas ultimamente, resolveu tirar a soneca dela na minha cama enquanto eu estou trabalhando, o que muito me envaidece. Agradecemos a preferência.
Need a place to work in San Francisco
I am possibly the busiest unemployed person ever. I have tons of work to do. But it’s hard finding a place to call my office. The warehouse gets really hot during the day and I have a skylight that makes it almost impossible to see my computer screen. Ritual Roasters has good coffee and wireless but too many distracting cute girls and hipsters up the wazoo. Atlas is great, but charges (!) for internet access.
So where can I move the Fiasco Industries World Headquarters to? Any suggestions? I guess I~m looking for a cold, dark place with boring ugly people. And wireless.
Coisas mongas…
…mas engraçadas. O DJ Jesus precisa ir tocar no Burning Man para evitar uma catástrofe de proporções bíblicas. Será que ele conseguirá? Veja aqui.
Eu e as mulheres
Acho que finalmente estou aprendendo a conviver com esse animal estranho que é a mulher. Entender não, disso eu já desisti faz tempo, mas ao menos coexistir em relativa harmonia. A prova é o diálogo entre eu e a Katie, a filha da minha amiga Tina, tomando brunch depois da travessia de Alcatraz:
Foto de Matt Cohen
Katie: “Kiko, do you hate hippies?”
Kiko: “Yes.”
Katie: “Then I hate hippies, too!”
Kiko: “Katie,do you like bacon?”
Katie: “Do you like bacon, Kiko?”
Kiko: “Yes.”
Katie: “Then i like bacon, too!!!”
Ah, se mais mulheres fossem assim…
Fico feliz em poder educar a juventude e passar valores morais importantes como 1) O bacon é o único alimento realmente importante, verduras e frutas são comida de periquito e 2) Hippies devem ser extintos da face da terra. Aí ela passou o conhecimento para a Ally, a irmãzinha dela:
Foto de Matt Cohen
Veja só como ela ficou esperta. Foto do meu amigo Davey
Depois que elas descobriram o iPhone do Davey, danou-se
Foto de Matt Cohen
Se você quiser sorrir, sorra… (foto do Davey )
E depois nós fomos dar um rolê com as minas no Mustang do Davey.
Mó carro de paulista… (foto do Davey )
Quem disse que eu não faço sucesso com as mina?
Alcatraz, a fuga / Alcatraz, the escape
6:30 da manhã de Sábado. É nóis, Alcatraz ao fundo. Tem que se registrar e pegar o bracelete eletrônico.
6:30, Saturday morning. That’s me, Alcatraz in the background. Got to register and get my electronic bracelet.
(foto de Sig Lange )
Acho que vou vestir algo mais confortável.
I think I’m gonna slip into something more comfortable.
(foto de Sig Lange )
Pelo jeito alguém já consegui escapar.
Looks like someone already made it out.
(foto de Matt Cohen )
Você segue o gaiteiro…
You follow the piper…
(foto de Matt Cohen )
E pega o barco…
And catch the boat…
(foto de Sig Lange )
E essa cidade nevoenta e meio maluca de que eu gosto tanto vai ficando para trás…
And this foggy and slightly crazy city that I like so much is left behind…
(foto de Matt Cohen )
Agora, para voltar, só nadando… Que cara feia é essa meu irmão? Você está de roupa de borracha, eu não…
To get back now, you gotta swim… What’s with the long face, brah? You’ve got a wetsuit, I don’t…
(foto de Matt Cohen )
Chegamos a Alcatraz, agora tem que encarar.
We arrive at Alcatraz, gotta do it now.
(foto de Matt Cohen )
Se você já pulou daquele barco na Baía, prestes a enfrentar o canal de Alcatraz, você sabe o esse pessoal está sentindo… Não interessa quantas vezes você já fez a travessia, o pulso sobe nessa hora.
If you ever jumped from that boat in the Bay, about to deal with the Alcatraz channel, you know what these people are feeling. It doesn’t matter how many times you’ve crossed, your pulse goes up at this moment.
(foto de Matt Cohen )
É hora. Você cai na água e sente o choque da água fria, o ar é expulso dos seus pulmões como se você tivesse levado um soco no peito. Eu nunca me sinto tão vivo como quando eu caio na água em Alcatraz.
It’s time. You fall in the water and feel the cold water shock, air is expelled from your lungs as if you had been punched on the chest. I never feel so alive as when I jump in the water at Alcatraz.
(foto de Matt Cohen )
Agora é só nadar de volta para San Francisco. Maior moleza. Só um probleminha, a neblina entrou e não dá para ver onde está a entrada do Aquatic Park. E a corrente está puxando para Berkeley… Aí é pobrema.
Now, all you’ve got to do is swim back to San Francisco. It’s a cakewalk. Only a small problem, the fog has come down and I can’t see the Aquatic Park entrance. Meanwhile, the current wants to take me to Berkeley… We have a problem.
(foto de Matt Cohen )
Mas deu tudo certo, ou quase tudo. A minha navegação foi quase perfeita, se bem que a corrente me deu um olé quase no final, mudando de vazante para enchente em questão de segundos à medida que eu me aproximava do quebra-mar. Mas nada que uma mudança rápida de curso e uns dois minutos nadando contra a corrente não resolvam. Eu passei batido pelo Sig, que não me viu cruzar a linha de chegada e por isso não tem foto, mas a cara desse cara aí diz tudo. Para falar a verdade, quando eu acabei, a minha vontade era voltar para a ilha e fazer de novo. Juro que é verdade.
But in the end everything went fine, or almost everything. My navigation was almost spot on, although the current did pull a switcharoo on me at the end, changing from ebb to flood in a matter of seconds as I got closer to the breakwater. Nothing a quick change of course and a couple of minutes swimming against the current can’t fix though. I slipped right under Sig’s not so watchful eyes, so no picture of me finishing, but this guy’s face says it all. To tell the truth, when I was done, I really wanted to go back to the island and do it again. I swear it’s true.
(foto de Matt Cohen )
No final eu cheguei em 67o. lugar em 400 nadadores, dentro dos 15% mais rápidos, nada mal, em 41m:54s; não foi o meu melhor tempo, mas tá beleza. Até o Sig completou a prova, sem nem ter que sair de San Francisco, ele de alguma maneira consegui nadar o percurso em 45m:06s, impressionante para um marinheiro de primeira viagem, e sem ter que se molhar!
In the end I got 67h out 400 swimmers, top 15%, not too bad, and 41m:54s, not my fastest time, but pretty decent. Even Sig placed, although he never left San Francisco, he somehow managed to swim the course in 45m:06s, very impressive for a first-timer, and without even getting wet!
Ele está de volta
Chicken conseguiu levantar $25.000 dólares em doações individuais (máximo de $500 por pessoa) em 3 semanas.
Agora a batalha é com a Comissão de Ética da cidade (sim, aqui também tem isso, a diferença é que funciona) para provar que todas as doações vieram de residentes de San Francisco. E agora ele está correndo atrás para provar isso e se qualificar para o match 2:1 que a cidade dá para os candidatos. Ou seja, se ele juntou $25.000, a cidade vai dar mais $50.000 se ele provar que todas as doações são legais.
Vejo isso como um modelo para o Brasil; em vez de uma justiça que não funciona, incentivos para que a contabilidade seja feita com transparência. Consequiu aprovar as suas contas? Então toma aqui um dinheirinho extra para a sua campanha. Isso funciona para candidatos com respaldo popular que consigam um valor mínimo de doações e cria um feedback positivo para contas de campanha abertas.
Mas pensando bem, no Brasil alguém ia acabar descobrindo um jeito de avacalhar, deixa prá lá…
Abaixo, dois modelos de outdoor que estão sendo discutidos. Sem comentários… Um outro diz, simplesmente:
“Chicken John, your first choice for second place”.
Pelo jeito, o Chicken quer ser uma espécie de SBT de San Francisco…
Coisas Batutas do Burning Man
Big Rig Jig foi uma instalação construída no galpão da American Steel em Oakland, o mesmo lugar em que Crude Awakening foi construída. Aliás, vários amigos meus trabalharam nos dois projetos, enquanto eu trabalhei no Mechabolic.
Dois caminhões-tanque contorcidos e soldados juntos. O interior dos caminhões foi inteiramente esvaziado e dentro foi colocada uma escada que passava por um jardim interno. Você ia subindo e passando por um orquidário, com irrigação interna e tudo. Uma tarde, voltando do trabalho no Mechabolic para o meu acampamento, fui surpreendido por uma tempestade de areia e fui me refugiar dentro dos caminhões.
Passei umas duas horas batendo papo com um casal na mesma situação, esperando a tempestade passar. Uma das minhas lembranças favoritas deste ano. Uma idéia simples, de execução complicadíssima e com resultados fantásticos. Sei lá, tem alguma coisa assim, brincalhona, mezzo Duchamp mezzo Calder nessa peça. A minha segunda peça favorita desse ano, depois da Steam Punk Tree House (a seguir)
12 dias em 10 minutos
O Peef, meu amigo e companheiro de projetos no Shipyard trabalhou este ano na instalação de painéis solares para o Burning Man, tudo rodando a partir de um container com baterias e transformadores que ele projetou e construiu, o Peef Powertainer.
E ele colocou uma câmera no container e filmou 12 dias do Burning Man em câmera acelerada. Os painéis solares estão no canto direito e a estátua do homem bem no meio. Note que 1) Na segunda-feira o homem foi incendiado prematuramente pelo nosso velho conhecido Paul, por pura sacanagem (outra história para mais tarde) e 2) À medida que a semana avança, as noites vão ficando mais coloridas.
Também dá para ter uma idéia do que são as tempestades de areia no deserto.